terça-feira, 4 de setembro de 2012

Passagens que eu amo de O Nome Do Vento.

A Maior faculdade que nossa mente possui é, talvez, a capacidade de lidar com a dor. O pensamento clássico nos ensina sobre as quatro portas da mente, e cada um cruza de acordo com sua necessidade.Primeiro, existe a porta do sono. O sono nos oferece uma retirada do mundo e de todo sofrimento que há nele. Marca a passagem do tempo, dando-nos um distanciamento das coisas que nos magoaram. Quando uma pessoa é ferida, é comum ficar inconsciente. Do mesmo modo, quem ouve uma notícia dramática comumente tem uma vertigem ou desfalece. É a maneira de a mente se proteger da dor, cruzando a primeira porta.
Segundo, existe a porta do esquecimento. Algumas feridas são profundas demais para cicatrizar depressa. Além disso, muitas lembranças são simplesmente dolorosas e não há cura alguma a realizar. O provérbio “O tempo cura todas as feridas” é falso. O tempo cura a maioria das feridas. As demais ficam escondidas atrás dessa porta.
Terceiro, existe a porta da loucura. Há momentos em que a mente recebe um golpe tão violento que se esconde atrás da insanidade. Ainda que isso não pareça benéfico, é. Há ocasiões em que a realidade não é nada além do penar, e, para fugir desse penar, a mente precisa deixá-la para trás.
Por último, existe a porta da morte. O último recurso. Nada pode ferir-nos depois de morrermos, ou assim nos disseram…"






Histórias nos atraem, porque nos dão a clareza e simplicidade que faltam à vida real.





Às vezes me pergunto se tudo isso não é uma espécie de erro, se eu não deveria estar morto. Mas, se não é um erro, tenho que estar aqui por alguma razão. Mas, se existe uma razão, não sei qual é.





"A parte mais óbvia era uma quietude oca e repleta de ecos, feita das coisas que faltavam. Se houvesse vento, ele sussurraria por entre as árvores, faria a pousada ranger em suas juntas e sopraria o silêncio estrada afora, como folhas de outono arrastadas. Se houvesse uma multidão, ou pelo menos um punhado de homens na pousada, eles encheriam o silêncio de conversa e riso, do burburinho e do clamor esperados de uma casa em que se bebe nas horas sombrias da noite. Se houvesse música… Mas não, é claro que não havia música. Na verdade, não havia nenhuma dessas coisas e por isso o silêncio persistia.





A raiva é capaz de nos manter aquecidos durante a noite, e o orgulho ferido pode instigar um homem a fazer coisas maravilhosas.


"NOITE OUTRA VEZ.A Pousada Marco do Percurso estava em silêncio, e era um silêncio em três partes.
A parte mais óbvia era uma quietude oca e repleta de ecos, feita das coisas que faltavam. Se houvesse vento, ele sussurraria por entre as árvores, faria a pousada rangerem suas juntas e sopraria o silêncio estrada afora, como folhas de outono arrastadas.Se houvesse uma multidão, ou pelo menos um punhado de homens na pousada, eles encheriam o silêncio de conversa e riso, do burburinho e do clamor esperados de uma casa em que se bebe nas horas sombrias da noite. Se houvesse música… Mas não, é claro que não havia música. Na verdade, não havia nenhuma dessas coisas e por isso o silêncio persistia.
Dentro da pousada, uma dupla de homens se encolhia num canto do bar. Os dois bebiam com serena determinação, evitando discussões sérias ou notícias inquietantes. Com isso, acrescentavam um silêncio pequeno e soturno ao maior e mais oco. Ele formava uma espécie de amálgama, um contraponto.
O terceiro silêncio não era fácil de notar. Se você passasse uma hora escutando, talvez começasse a senti-lo no assoalho de madeira sob os pés e nos barris toscos e lascados atrás do bar. Ele estava no peso da lareira de pedras negras, que conservava o calor de um fogo há muito extinto. Estava no lento vaivém de uma toalha de linho branco esfregada nos veios da madeira do bar. E estava nas mãos do homem ali postado, que polia um pedaço de mogno já reluzente à luz do lampião.
O homem tinha cabelos ruivos de verdade, vermelhos como a chama. Seus olhos eram escuros e distantes, e ele se movia com a segurança sutil de quem conhece muitas coisas.
Dele era a Pousada Marco do Percurso, como dele era também o terceiro silêncio. Era apropriado que assim fosse, pois esse era o maior silêncio dos três, englobando os outros dentro de si. Era profundo e amplo como o fim do outono. Pesado como um pedregulho alisado pelo rio. Era o som paciente – som de flor colhida – do homem que espera a morte."

"Eu tenho o hábito de pensar demais, Bast. Meus maiores sucessos, vieram de decisões que tomei quando parei de pensar e simplesmente fiz o que me parecia certo. Mesmo que não haja uma boa explicação para o que fiz - disse, com um sorriso tristonho - mesmo que tenha havido otimas razões para eu não fazer o que fiz.

Assim como os nomes têm poder, as palavras têm poder. Elas podem acender fogueiras na mente dos homens. As palavras podem arrancar lágrimas dos corações mais empedernidos. Existem sete palavras que darão uma pessoa amá-lo. Existem 10 palavras que dobrarão a vontade de um homem forte. Mas uma palavra não passa de uma pintura do fogo. O nome é o fogo em si

Como? Nenhuma defesa? Qualquer aluno meu deve ser capaz de defender suas ideias contra um ataque. Não importa como você leve sua vida, sua inteligência o defenderá melhor do que uma espada. Trate de mantê-la afiada!

 - O que você está fazendo no alto das coisas? - Auri fez uma pausa e deu um risinho soluçado. - Todo doido e quase nu?
Meu coração começou a descongelar um pouco.
- Estava procurando um lugar para pôr meu sangue.
- A maioria das pessoas o guarda do lado de dentro. É mais fácil.

Há três coisas que todo homem sábio deve temer: o mar em uma tempestade, uma noite sem lua, e a ira de um homem gentil.

"Tive vontade de segurar sua mão. Tive vontade de roçar sua face com a ponta dos dedos. Tive vontade de dizer que ela era a primeira coisa linda que eu via em três anos. Que a visão dela, bocejando o torso da mão, era o suficiente pra me deixar sem fôlego. Que, em certos momentos, eu perdia o sentido das palavras no doce flauteio de sua voz. Tive vontade de dizer que, se ela estivesse comigo de algum modo, nada jamais poderia tornar a correr mal pra mim. Naquele segundo sem fôlego, quase lhe fiz um pedido. Senti-o fervilhar em meu peito. Lembro-me de ter respirado fundo e em seguida hesitado — o que eu poderia dizer? Venha comigo? Fique comigo? Venha comigo para a Universidade? Não. Uma certeza súbita me apertou o peito com um punho frio. O que eu poderia pedir-lhe? O que tinha para oferecer? Nada. Qualquer coisa que eu dissesse soaria tola, uma fantasia de criança."

Por quê? Porque o orgulho é uma coisa estranha, e porque generosidade merece ser retribuída com generosidade. Mas foi sobretudo por me parecer a coisa certa, e essa é uma razão suficiente.

Você conhece uma moça tímida e despretensiosa. Se lhe disser que ela é linda, a moça vai achá-lo muito gentil, mas não acreditará nas suas palavras. Ela sabe que a beleza está no seu jeito de olhá-la(…). E, às vezes, isso é o bastante.(…) Mas existe uma maneira melhor. Você lhe mostra que ela é linda. Faz de seus olhos um espelho, de sua mãos, uma prece no corpo dela. É difícil, dificílimo, mas, quando ela realmente acreditar em você, de repente, a história que ela conta a si mesma em sua cabeça se modifica. A moça se transforma. Deixa de ser vista como bonita. Torna-se bonita ao ser vista.

É como se todo mundo contasse uma história sobre si mesmo dentro da própria cabeça. Sempre. O tempo todo. Essa história faz o sujeito ser quem é. Nós nos construímos a partir dessa história.

Todos nos transformamos naquilo que fingimos ser.

Agora, ele está sozinho e aprenderá o significado da fome, do frio e da solidão. Mas a dor e o sofrimento não foram suficientes para fazê-lo desistir de seu objetivo

Selitos era sábio. Compreendia o quanto a tristeza é capaz de deturpar um coração, o quanto as paixões levam homens bons à insensatez.

Ela pode mudar de nome porque não sabe quem é. Ou porque sabe e não gosta. Ou porque acha que vai ser mais fácil mudar se mudar de nome.

Sabe, as mulheres são como o fogo, como chamas. Algumas parecem velas, luminosas e afáveis. Outras são como centelhas isoladas ou brasas, como pirilampos para se perseguir nas noites de verão. Há as que lembram fogueiras, todas feitas de luz e calor durante uma noite e dispostas a serem deixadas depois dela. Outras parecem lareiras: não são grande coisa para se olhar, mas, por baixo, são todas feitas de brasas vivas e quentes, que ardem por muito, muito tempo.

Não há maior inconstância no voo que a do vento ou a do capricho feminino"

A música é uma amante orgulhosa e temperamental. Recebendo o tempo e a atenção que merece, ela é sua. Desdenhada, chega o dia em que você a chama e ela não responde.

“Mas a Dianne… A Dianne é como uma cascata de fagulhas brotando de um pedaço pontiagudo de ferro segurado por Deus junto à pedra de amolar. Não se pode deixar de olhar, não se consegue deixar de querê-la. Você pode até colocar a mão nela por um segundo. Mas não consegue retê-la. Ela destroça seu coração…”

” No meu delírio, imaginei a morte sobre a forma de um grande pássaro com asas de fogo e sombra. Ele pairava lá no alto, observando pacientemente, à minha espera… ”

"O dia em que nos inquietamos com o futuro é aquele em que deixamos a infância para trás. "

"Chamava-se Kote. Escolhera o nome com cuidado ao chegar a esse lugar. Havia adotado um nome novo pela maioria das razões habituais e também, por algumas inusitadas, dentre as quais se destacava o fato de os nomes não lhe serem importantes."

"Levantando os olhos, ele viu milhares de estrelas cintilando no veludo escuro de uma noite sem lua. Conhecia todas, com suas histórias e seus nomes. Conhecia-as de um jeito familiar, como conhecia as próprias mãos."

"- Hoje, mestre, aprendi porque os grandes amantes enxergam melhor do que os grandes eruditos.
- E qual é a razão, Bast? - perguntou Kote, com um toque levemente divertido na voz.
[...]
- Bem, Reshi, todos os livros enriquecedores ficam em lugares fechados, onde a luz é ruim. Mas as moças encantadoras, tendem a ficar do lado de fora, ao sol, e por isso são muito mais fáceis de estudar, sem risco de prejudicar os olhos.
Kote assentiu com a cabeça e disse:
- Mas um aluno excepcionalmente inteligente poderia levar o livro para o lado de fora e melhorar sua situação, sem medo de reduzir sua amada faculdade da visão.
- Também pensei nisso, Reshi. Por ser, é claro, um aluno excepcionalmente inteligente.
- É claro.
- Mas quando encontrei um lugar ao sol em que podia ler, apareceu uma moça bonita que me impediu de fazer qualquer coisa desse tipo. - concluiu com um floreio."

"- Vade-reto satanás! - exclamou Kote, passando para um toque têmico carregado, ainda com a boca meio cheia. - Tehus antausa eha!
De susto, Bast deu uma gargalhada e fez um gesto obsceno com uma das mãos.
Kote engoliu e trocou de língua.
- Aroi te denna-leyan!
- Ora, francamente. - disse Bast, cujo sorriso se desfez. - Isso é ofensivo!
- Em nome da pedra e da terra, eu o renego! - fez Kote. Molhou os dedos na xícara ao seu lado e borrifou umas gotas sem cerimonia na direção de Bast. - Que seja banida a sedução!
- Com sidra? - perguntou ele, que conseguiu fazer um ar divertido e irritado ao mesmo tempo, enquanto secava uma gota de líquido no meio da camisa. - É melhor isso não manchar."

4 comentários:

  1. Alguns usam xvideos, mas quando eu quero gozar eu venho aqui

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. na moral. meu livro favorito da vida <3 n tem como n amar o modo como o Pat escreve essa obra prima

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  4. Demora dos infernos pra lançar o terceiro livro.

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