Cortando a imensa pradaria que se estendia até o horizonte,
uma precária estrada de terra crescia de norte a sul. Ora, a estrada, apesar de
simples, possuía um aspecto singularmente belo aos olhos, pois a pradaria era
coberta por um baixo gramado muito verde que dançava gentilmente com o vento.
Outro motivo que tornava o local tão agradável era o doce cheiro de abóboras do
campo que pairava sobre ela, proveniente de uma velha carroça de madeira,
carregada por um velho cavalo, que avançava lentamente.
De gentil, a carroça não tinha nada. Era de madeira escura e
mal trabalhada, roída por cupins e lar de muitos outros insetos. O teto era
esburacado e coberto por rachaduras, não dando dúvidas a qualquer um que
olhasse que ela não protegeria nem da mais singela garoa de verão. O cavalo
possuía uma pelagem castanha, com manchas brancas no focinho e pelo tronco,
descendo-lhe por uma das patas. Apesar de velho, era musculoso e tinha um
semblante cheio de vigor, com o pescoço erguido, orgulhoso como se fosse o
senhor da estrada.
Sentado em uma bancada, um homem guiava calmamente o cavalo
pelas rédeas. Vestia uma camisa cinza com pequenos buracos e rasgos onde as
costuras se juntavam, além disso, luvas de couro calçavam-lhe as mãos e um
grosso par de botas de couro de vaca. Seu cabelo era escuro e oleoso, parte
colada em seu rosto suado e parte descendo até a nuca.
Ele assobiava baixinho, no ritmo de O Mímico de Venyr,
enquanto sentia a leve brisa tocar-lhe o rosto. Apesar de uma fraca garoa
durante a manhã, dia estava quente e agradável, com poucas nuvens cobrindo o
azul do céu e o sol brilhando forte. Agradável até o momento.
Passou por uma placa de madeira, onde uma seta apontava para
frente. Nela, estavam escritos os dizeres “Swydia a cinco léguas.”.
Oito léguas? Eltharys
vai voltar do seu trono de sombras antes de eu chegar lá. Pensou, irritado.
Uma légua era em média, cerca de seis mil metros e, apesar do homem já ter
caminhado a pé por muitas léguas a mais, mas estava de saco cheio de dormir na
carroça. Precisava de uma garrafa de vinho e uma boa companhia para lhe aquecer
a cama.
A menos de um quilometro a frente, aproximadamente quatro
homens estavam parados no metro da estrada.
- Que saco. Mais essa agora. – murmurou o homem com uma voz
rouca e seca. Então puxou um cantil de água do bolso de sua calça e bebeu até o
fim. – Vamos Malhado, se diminuir o passo, não vai ganhar nenhum maçã na
próxima parada... – Disse ele ao cavalo com gentileza, soltando um risinho de
canto de boca.
Não mostrando qualquer diferença de postura, continuou
guiando a carroça pela estrada, olhando para frente como se tivesse tomado por
um estranho interesse pelo horizonte. Depois de algum tempo, reconheceu do que
se tratavam. Mercenários.
Usavam roupas de lã comum, em tons de marrom, verde e bege,
em grande maioria sujas de terra e barro. Todos estavam armados com pelo menos
uma espada curta presa à cintura, além de todas as facas e bestas que deveriam
estar escondidas. Eram homens de rosto firme e aparentemente implacável, com a
pele morena, manchada pelos anos trabalhando sob o sol.
Vou aproveitar o
disfarce.
Quando presumiu que já poderiam o ouvir, o homem sentado na
carroça começou a cantarolar descontraidamente como um viajante qualquer.
De noite escuto sua linda
voz perdida na brisa da noite
Nas sombras eu vejo
teus olhos a me observar
E a saudade me castiga
como um cruel açoite.
Ooh minha bela senhora
que estórias irá me contar?
Eu lhe peço, eu lhe
imploro, não fujas de mim
Que com a minha
palavra não irei falhar.
Ooh minha bela...
- Ei, pare a carroça! - Ordenou um dos mercenários em voz
alta, aproximando-se cautelosamente do homem enquanto os companheiros se
agrupavam ao redor em meia lua, fechando a estrada. – Está vindo de onde?
Mercenário era apenas um nome bonito para salteador de
estrada e o homem na carroça sabia bem disso.
- Harley Do Norte. Por quê? Vocês são guardas da cidade ou
algo assim? – respondeu com um meio sorriso enquanto parava a carroça, soltava
as rédeas de Malhado e as enrolava em um pedaço solto de madeira. O mercenário
passou a mão no cabo da espada que trazia no cinto e sorriu ao perceber que o
homem observava a arma com olhos cobertos de incompreensão.
- Sim, guardas. – disse o mercenário, virando-se para os
outros, deixando escapar uma alta gargalhada. Todos os companheiros riram em
voz alta, alegremente. Depois se virou novamente para o homem, com um olhar
zombeteiro. – Viemos fazer a fiscalização de mercadoria. – completou, colocando
a mão sobre o cabo da espada.
O homem pigarreou e passou a mão em seus cabelos, tirando-os
do rosto e jogando-os para trás.
- Se querem ver o que estou trazendo, podem ir lá atrás. São
apenas abóboras. – disse calmamente, enquanto descia com uma lentidão proposital
da carroça.
Ao ficar de pé,
frente a frente com o mercenário, pela primeira vez perceberam que o homem era
bastante alto e possuía ombros largos e fortes. De algum modo, apesar de seu
rosto comum, seus olhos negros pareciam estranhamente cheios de vida.
Um dos mercenários pareceu intrigado com o homem e o
examinou dos pés a cabeça com um olhar incriminador. Possuía um aspecto
diferente dos outros, pois era bastante magro e alto, com a pele mais escura
que a dos companheiros e sob um par de olhos amendoados, havia uma mancha negra
feita de tinta Então, um homem do sul. Em
seguida, ele deu um passo a frente e perguntou com uma voz áspera.
- Por acaso eu não te conheço? Qual o teu nome, mercador?
- Brian, Brian Sansyl. – respondeu o homem, com uma educação
além do normal.
O mercenário ficou quieto, encarando o homem com um olhar
pensativo enquanto passava a mão áspera sobre um pequeno cavanhaque que crescia
em seu queixo.
- Já esteve em Darlas? – perguntou.
- Fui criado lá até os meus quinze anos. – respondeu o mercador.
Precisava de um escape, já que o mercenário parecia desconfiar de alguma coisa.
“Por acaso não te conheço” sempre é usava para driblar a atenção, preparar o
terreno para algum jogo de palavras. – O meu tio me levou para Pehir e me
ensinou sobre todas as coisas do comércio. Estou indo para Swydia encontra-lo e
preparar as coisas para o Festival de Verão.
O mercenário não se deixou enganar com essa historinha.
Continuou desconfiado, mas pareceu deixar a suspeita de lado e não perguntou
mais nada, o que não era nada bom. Talvez ele tivesse o reconhecido.
O líder dos mercenários se adiantou, sacou a espada sem
qualquer floreio e empurrou o homem contra a carroça. Seu rosto mostrava uma
expressão raivosa, porém descontraída, de alguém que já fez esse tipo de coisa
dezenas de vezes.
- Chega de brincadeira. Dê-nos a bolsa e tudo de valor que
tiver com você. – disse ele enquanto enfiava a mão nos bolsos a mostra do
homem. Puxou três linros do bolso da frente da calça e disse em voz alta,
erguendo-se, tentando mostrar superioridade. Babaca. – Eu sei que você tem bem mais do que isso, então me dá se
não quiser que eu corte o seu cabelo sem qualquer cuidado! Herns, corte as
amarras do cavalo, vamos levar esse bicho velho também! – ordenou.
Brian enfiou a mão no bolso de trás e puxou mais cinco
linros, esticou o braço com a mão aberta, mostrando as pesadas moedas que
cintilaram sob a luz do sol. O mercenário arrancou-as da mão do homem e enfiou
no próprio bolso.
- Só isso? – disse, enquanto seu rosto debochado
transformava-se em uma máscara de raiva. – Um mercador viajando com um punhado
de linros? Quer que eu acredite nisso?
- Pode procurar na carroça se quiser. – respondeu Brian, apreensivo.
– Eu só tenho abóboras, pode leva-las se quiser.
O mercenário se irritou. Cerrou o punho e acertou um soco
bem na boca do estômago do mercador, que se inclinou para frente com dor
enquanto sentia o ar deixar seus pulmões. Depois, o agarrou um punhado de
cabelos de Brian e puxou, fazendo seus olhos se encontrarem.
- Me dá a merda do dinheiro se não eu arranco um dedo seu
pra cada minuto que estou desperdiçando aqui.
Brian tentou se soltar mercenário, mas este, que já segurava
o cabelo do mercador, puxou-o para baixo e acertou-lhe uma forte joelhada no
rosto. Sangue espirrou para todos os lados, saindo das narinas do homem, que
gemeu de dor, agarrando o nariz com as mãos. Quebrado. Cacete, vou acabar com esse inseto.
- Eu quero o dinheiro! – rosnou novamente o mercenário enquanto
saliva espirrava de sua boca a cada palavra. – Me dá a porra do seu dedo aqui!
– disse, enquanto soltava os cabelos de Brian e agarrava a sua mão com força. Droga, o meu disfarce... chegar na cidade
com a cabeça desses otários vai botar todo o plano na lama. Mas não vou
deixa-lo arrancar o meu dedo. Merda. Pense, PENSE!
- Está bem! – gritou Brian, desesperado. – Está bem. Eu lhe
dou tudo o que tenho, mas, por favor, me poupe. O dinheiro está em um fundo
falso dentro da carroça. Eu lhe dou tudo, pode pegar...
- Agora eu vi resultado. Vamos lá atrás ver o que você tanto
está trazendo. Se não tiver nada lá, vamos levar a carroça, junto com um ou
dois dedos seus. Se não, pode ficar com esse lixo pra você. – Disse, agarrando
o braço de Brian e empurrando-o para frente, fazendo-o cair sobre o chão de
terra da estrada. Outros dois mercenários o acompanharam, entre eles, o
desconfiado, que .
- Ei, Rince, o que eu faço com esse pangaré velho? –
perguntou Herm, enquanto tentava, sem sucesso, puxar o cavalo para longe da
carroça, segurando em suas rédeas. O cavalo relinchava alto, bufava e puxava o
mercenário que tentava, em vão, tomar o controle da situação. – Esse bicho é
muito forte!
Rince, esse é o nome
do bastardo.
- Da umas porradas nele pra ver se aprende. Vamos, seu
merda. Não tenho o dia todo.
Quando chegaram à parte de trás da carroça, o mercador abriu
a pequena porteira e deu um passo para o lado, mostrando para os mercenários o
que havia lá dentro. Abóboras. Pelo menos duas dezenas delas.
- O seu cavalo é mais forte do que eu imaginava. – disse o
líder, rindo, se aproximando da porteira e observando o interior. – agora, onde está o dinheiro?
- As abóboras estão por cima. Deixa que eu tiro elas... –
disse Brian, adiantando-se e subindo na carroça com um pequeno salto. A
agilidade do homem pareceu quase incomum, pois seu pouso sobre o assoalho de
madeira não emitiu qualquer ruído, nem mesmo o ranger das taboas.
O mercenário que desconfiou de Brian puxou o arco-composto
de seu cinto de couro e preparou um dardo. Seus olhos cintilaram ao ver o
mercador lá dentro, preso, um alvo fácil para sua arma. Em seu íntimo, o
mercador sabia o motivo.
- Anda, cadê? – perguntou Rince, ainda empunhando a espada,
colocou uma mão sobre o assoalho da carroça e saltou lá pra dentro. O lugar era
pequeno e abafado, com o teto baixo onde mal caberia uma mulher de pé. O cheiro
de abóbora era forte e, de certa forma agradável, mas por algum motivo, parecia
cobrir ou outro cheiro. Outro odor, proveniente das próprias abóboras.
Brian puxava as abóboras para o lado, abrindo um pequeno
espaço. Então, puxou uma chave que estava presa ao cinto e enfiou entre as
taboas.
Enquanto isso, Rince andava abaixado pela carroça, tomando
cuidado para não pisar nas abóboras, enquanto investigava o chão com um par de
olhos espertos, acostumados a procurar dinheiro, que só um mercenário sagaz tem
o prazer de possuir. Brian, por sua vez, percebeu o que ele estava fazendo, mas
não havia modo que pudesse agir.
- Rince? Pelas três irmãs, o que está fazendo? – perguntou
um dos mercenários lá fora, irritado. – Faz esse cara pegar logo o dinheiro,
antes que eu suba ai e quebre algum dente dele.
- Shhh. – fez Rince, levando um dedo a boca, pedindo
silêncio. Seus olhos rondavam o pequeno rio de abóboras como os olhos de um
urubu rondam um animal prestes a morrer. – Tem algo muito errado aqui. Eu já
havia percebido antes, mas agora confirmei.
O líder dos mercenários abaixou-se, empurrou algumas
abóboras e deu um salto para trás com o que viu. Um par de olhos o encarava em
meio às frutas. Olhos sem vida, cujo brilho havia sido levado há bastante
tempo. Os olhos pertenciam a uma cabeça sem corpo, com o sangue em seu pescoço
já completamente seco e a pele flácida e cinzenta. Por algum motivo, as moscas
não haviam comido a cabeça e nem pareciam estar se alojando dentro dela.
- Seu filho de uma cadela! – rosnou Rince, girando o corpo
para o mercador, apontando a espada para ele. Brian permaneceu abaixado, com os
negros cabelos lisos escondendo seu rosto. – Quem é você? Que merda é essa?
Brian deixou escapar um riso abafado.
- Você já descobriu de quem que era?
Apesar de a cabeça parecer ter sido arrancada do corpo há muito
tempo, ainda era reconhecível o rosto jovial de Arthur Lancost, filho de Moray
Lancost, conde de Levyzes.
- Por Eltharys, o que está acontecendo aqui? – grunhiu ele,
empunhando a espada com as duas mãos pela primeira vez.
Brian, em uma velocidade quase sobrenatural, se levantou do
assoalho e avançou na direção de Rince, puxando uma comprida adaga prateada de
cabo negro como a noite do meio das taboas. O mercenário se assustou com o
movimento, mas foi instintivamente veloz, descrevendo uma meia lua com sua
espada.
Quando a lâmina encontrou o corpo do mercador, soltou agudo
um som metálico. A adaga cintilou, protegendo-o do golpe. Imediatamente, Brian,
com suas mãos cobertas pelo grosso par de luvas que usava, agarrou a lâmina
enferrujada da espada, depois segurou o ombro do mercenário e puxou-o para o
lado.
A velocidade da ação foi tamanha que Rince não teve tempo de
refletir sobre o que estava acontecendo. Quando percebeu, o vento soltou um
assobio baixo e uma dor aguda explodiu em suas costas, enquanto sentia o sangue
quente escorrer do dardo cravado em sua carne.
- Mercenários deviam aprender a usar armas de melhor
qualidade com o dinheiro que ganham roubando mercadores na estrada. – disse Brian
com sua voz pacata de sempre, enquanto colocava o pé sobre o peito do
mercenário e o empurrava para fora da carroça.
O corpo de Rince desabou sobre o mercenário com a besta de
mão.
- Herns! – gritou o mercenário que ainda estava de pé. Em
seguida, ergueu a espada acima da cabeça e disparou em direção ao mercador.
O braço de Brian, com a rapidez do bote de uma serpente,
atirou sua adaga na direção do oponente. A lâmina brilhou pálida, rasgando o
ar, até se encontrar com o pescoço musculoso do mercenário, de onde começou a
borbulhar sua seiva avermelhada.
O outro mercenário empurrou o corpo de seu líder para o
lado, mas antes que pudesse se levantar, Brian estava na sua frente, segurando
o arco da besta com a mão, apontando para longe.
- Então, você me reconhece agora? – perguntou Brian, com um
sorriso sarcástico no rosto. O mercenário segurou a besta com mais força e
desviou o olhar para as costas de Brian.
O mercador puxou a arma com força, fazendo o mercenário
soltá-la sem qualquer dificuldade. Com maestria, usando apenas uma mão, virou a
arma na posição de tiro, enquanto com a outra mão, agarrava os dedos do homem.
Brian girou, derrubando-o no chão e ficando frente a frente para Herns, que
corria em sua direção com a espada em mãos. No mesmo segundo, o corpo de Herns
desabou sem vida sobre o chão, com um dardo de madeira entre os olhos.
Brian virou-se para o mercenário, que estava caído sobre o
chão e o encarou com seus profundos olhos escuros, que por algum motivo,
pareciam não pareciam possuir brilho algum, parecendo tão ou mais sem vida do
que os olhos dos mortos em volta dos dois.
O mercenário, assustado, tentou se desvencilhar da mão que o
segurava com um puxão, mas o mercador agarrou seu dedo indicador e entortou
para cima.
- Seu nome. – ordenou.
- Eu me lembro de você! – disse o mercenário, ignorando a
ordem novamente. – Seu bastardo desgraçado. Logo reconheci esses malditos
olhos.
Brian soltou o dedo do homem e pisou em seu peito fortemente
com sua bota desgastada, prendendo-o ao chão. Eu devia ter me lembrado. Esse inseto estava em Nessyth.
- Desculpe, mas vai encontrar o trono de Eltharys mais cedo.
Eu tentei poupa-los, passar despercebido, mas a escolha foi de vocês. – disse
Brian, enquanto abaixava lentamente em direção à bota no peito do homem. – Você
devia saber que a vida de um mercenário é curta. Toda essa coisa de lutar por
ouro, sem qualquer código de conduta. Devia ficar feliz, pois ia acabar
morrendo pela mão de seu líder em uma briga qualquer por alguns ulcros. –
continuou, enquanto puxava de dentro da bota, uma fina lâmina lisa e simples,
do tamanho de um dedo médio.
- Pode me matar, seu verme desprezível! – berrou o mercenário,
com raiva. – Me mate com o mesmo olhar frio com o qual matou Lithyan e todos os
outros com essas mãos sujas de sangue! Seu desgraçado, assassino maldito! –
continuou, sem mover o corpo, sem lutar contra a força que o prendia ao chão. A
tinta preta sob seus olhos começou a escorrer quando lágrimas dançaram em seu
rosto. – demônio!
O mercador abriu um grande e cínico sorriso, mostrando pela
primeira vez como seus dentes eram tortos, crescidos um por cima dos outros.
Mas o sorriso pertenceu apenas a seus lábios sem cor, pois o resto de sua face
continuou incólume.
- Demônio? – perguntou, ainda com seus lábios mostrando
certo deboche. – A esta altura, já sabe que não sou nenhum mercador chamado
Brian, certo? Bom, eu sou Qanah’hyr e não se preocupe, o meu nome não é nome de
demônio ou qualquer outra criatura do Abismo... Mas isso não quer dizer que não
vou te levar pra dar um passeio no inferno.