domingo, 26 de agosto de 2012

Sobre as dunas

jamais vou esquecer aquele modo com o qual me olhava
o jeito que andava, graciosa e bela, mesmo em meio ao deserto
flores murchavam, lagos secavam, mas você continuava intocada
enquanto o meu sangue escorria naquela terra como um rio liberto

nunca me disseram que uma coisa tão bela poderia sem carinho nascer
e que mesmo naquele imenso calor, sem ser cuidada, poderia florescer
as minhas orações foram atendidas, meu bem
eu a cubro com minha pequena e tênue sombra enquanto o vento não vem
e mesmo assim você nunca me direcionou o olhar

sobre as dunas de areia, que ferve sob o céu descoberto
longe do sol eu vislumbro um lugar envolto em escuridão
e lá eu sonho estar, lá eu sonho chegar
mas aqui, ao seu lado eu vejo, uma doce e utópica ilusão

sou como um surdo que tenta entender o que são as cores
como um andarilho preso pelo amor a uma cidade
um amante voraz, apaixonado por uma linda donzela
ou um mercenário que encontrou em um rei sua lealdade

Nenhum comentário:

Postar um comentário