quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Infância.

Bom, estou entrando em uma fase diferente na minha vida, acho que todos passam por isso e por mais difícil que pareça, estou um pouco animado com a transformação.
Faculdade, trabalho, crescer. A independência sempre foi um sonho distante, algo que esperei a vida inteira, toda a antiga inocência queimada e friamente destruída pelo novo mundo.
Isso aconteceu antes, claro, quando descobri que a magia não existia. Não a magia dos cinemas, mas a verdadeira magia por trás do conhecimento, descobrir que não existe nenhum antigo mistério do lugar em que você morava, descobrir que não importa o quanto você contemple o céu você nunca verá um dragão enorme e azul passando em uma velocidade tão grande que você não deduz que é um dragão até sentar-se na cama para pensar, descobrir que as antigas historias sobre fadas e duendes são apenas 'mentirinhas' contadas para as crianças não entrarem no meio das florestas e não se perderem, descobrir que o homem gordo com barba branca dando presentes na realidade sempre foi o seu pai (risos).
A minha vida foi cheia de decepções, sempre quis acreditar que o nosso mundo ainda é um lugar repleto de mistérios, criaturas gigantes adormecidas no gelo ou serpentes enormes nadando pelos mares. Sempre gostei desse tipo de coisa, por isso sempre me decepcionei, o mundo não é nada mais que o nosso mundo e talvez eu venha a me decepcionar com o universo e o fundo do mar também.
Claro, saí do assunto, agora eu sou um jovem adulto com 18 anos nas costas e 12 na cabeça, guardo meus brinquedos medievais no fundo do guarda-roupa em uma caixa e a mente pesada de informação. Preciso aprender a crescer e me tornar um adulto de 18 anos nas costas e 18 na cabeça mas talvez eu nunca consiga.
Sempre fui considerado uma criança acima da média, mas não sabia o porque, gostava de ler, tinha montes de revistas sobre animais e dinossauros que eu cuidava como se fossem a minha vida e por ser assim, diferente, fui super-protegido quando era criança, enquanto algumas saiam na rua, brincavam e se divertiam, eu podia ficar pouquíssimo tempo com outras pessoas e isso me fez aproveitar muito o tempo que me era permitido. Mas de alguma forma, sempre me senti sozinho, mesmo rodeado de amigos, eles não eram como eu e eu sentia isso.
Comprava milhões de brinquedos como dragões e castelos e sempre passava o dia sozinho no meu chão de carpete brincando sozinho. As minhas aventuras repletas de ação e magia, em um mundo onde eu era deus e as pessoas faziam o que eu queria, onde eu criava as historias, cidades e personagens ao meu gosto e ninguém podia discutir ou contrariar, aquela pequena vila sendo atacada por trolls era o que eu era. Comprei meu primeiro videogame, era incrível passar horas em um mundo que não era o lixo em que eu vivia e também não era um mundo que eu havia criado, meu coração disparava no chefe de fase, eu adorava, era o mais perto da perfeição que eu havia visto, milhares de mundos incríveis e diferentes onde eu podia viver e me aventurar, sem palavras para descrever.
Talvez não seja o sonho de infância das outras crianças, passar o dia sozinho em mundos imaginários, mas aquilo era a minha vida e todo o meu caracter e o que sou hoje, é fruto da solidão, então, só tenho a agradecer.

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