- Desgraçados. – rosnou o sujeito agarrado ao parapeito da janela do segundo andar e observando a multidão furiosa a frente de casa. – desgraçados todos vocês!
A multidão era tamanha, que chegava ao outro lado da rua e se expandia para os lados. Eram homens, mulheres e crianças, de cores de pele, altura, peso, roupas em sua grande maioria encharcadas de sangue e tudo o mais diferenciado. Mas havia uma série de detalhes peculiares que tornavam todos eles iguais, pelo menos na visão do homem à janela. As pessoas na rua ostentavam um brilho doentio na pele fraca, como suor depois de uma noite atordoada pela febre. Todos também mostravam claras marcas de putrefação sobre a pele, como cortes negros tomados por fungos e infecções, e alguns também havia a falta de membros ou machucados que, em teoria, seriam mortais. Mas um fato mais aterrador era que não falavam uma única palavra, apenas alguns gemidos melancólicos, tomados de algum tipo de tristeza.
O sujeito atirou a garrafa de wiskey que tinha em mãos e jogou lá em baixo, acertando uma mulher gorda qualquer.
- Eu ainda vou matar todos vocês. – disse. Sua voz era grave e cansada, tomada pelo típico sotaque paulista.
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